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Imagem recolhida na plataforma pública Tumblr, para fim não comercial .
A primeira vez que ele viu a morte foi com o pai do seu amigo Itaci – o Álvaro , e ela o levou. Foi muito estranho: ele começou a respirar mais acelerado e de repente parou…ficou com os olhos e a boca aberta.Então, ele chamou as pessoas da casa: -eu acho que o Sr. Alvaro está morrendo! Gritou bem forte. Da cozinha acudiram todos.
A Maria, amiga da familia, pegou um espelho e pôs na boca do doente, para ver se ele estava respirando. Não estava. O choro desabou, embora que durante os dias da sua agonia, todos sabiam que não tinha mais condições de viver- estava moribundo..
A cada dia, ele ficara esperando a morte chegar para levar o pai do seu amigo, num sentimento sádico que não conseguia reprimir.Foi então que pediram para ele segurar a cabeça do morto, para tirar o corpo da cama e coloca-lo numa mesa fúnebre que ficaria na sala, para a exposição – a visita das condolências. Enquanto segurava a cabeça do morto inadvertidamente soltou – a : ela bateu com força na madeira, fazendo um barulho oco, aterrador. Todos olharam com ar de reprovação.
Mas… o espetáculo do enterro apagaria aquela lembrança. Um grande funeral: a viuva de preto, os filhos bem vestidos, os chapéus das mulheres, o ar de elegância das pessoas do Grajaú, nos anos-dourados. Sentiu-se como numa fita de cinema, daqueles que via na Praça Saens Penna que acabavam com letreiro The End .Tinha então 15 anos.
Serra da Mantiqueira,dezembro de 2011.
Arlindenor Pedro