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Quem é você? Madu

arlindenor pedro
Por arlindenor pedro 3 leitura mínima

Quem é você ?

Neste Natal de presépios, papai noel, renas e neves?

De Ceias, canções, risos e ritos?

Quem é você neste mundo de vulneráveis

Cada vez mais miseráveis?

Quem é você prá fazer esquecer quem sou eu

De onde venho e de que lado estou?

Quem é você resignado

Diante do opressor, mesquinho, acumulador?

Quem é você diante de vidas sacrificadas

De holocaustos, guerras, extermínios?

 

É mister comemorar o Natal

Diante da aflição daqueles que perderam vidas?

Diante de choros de crianças, órfãos e vítimas dos poderosos?

Corpos sem valas, jogados na faixa que divide mundos?

Dos discriminados, dos famintos, dos sedentos e detentos?

Vitimas da ganância

De tudo querer

Para o mito suceder?

É mister cuidar dos presentes

Do luxo, das flores

da comida e da bebida

Dos vinhos para o banquete festivo

Enquanto há milhões peregrinando

Sem teto, sem terra

Sem semente para o sustento

Do pão que abastece o estômago 

que insiste em lembrar

A fome que mendiga?

 

Há uma patologia social

Psíquica, moral, espiritual

Transformando humanos 

em objetos a serem consumidos.

Há vasta ausência de sentidos

Fraterno, cristão, humanitário

Tão falsamente propagados.

 

Lembremos os crentes nas catacumbas, nas valas,

nos terrenos baldios, debaixo de viadutos,

e batizados em carnificinas

nas águas banhadas de sangue.

 

Quem é você neste Natal?

Aquele que enfeita e casa e fecha a porta para outros

Que ignora a dor dos oprimidos pelo sistema?

Quem é você que apenas se preocupa em tirar selves

Para colocar nas redes e mostrar como o deus Capital

É benevolente com você e sua família?

A família de bem, exemplo da linhagem bem sucedida

Ascendência coroada e escolhida para ser o dono da terra.

 

O Natal não é uma festa de poucos…

Dizem os cristãos, fechando os olhos para o mundo

Como se a ele não pertencessem.

O Natal nos convida a viver 

Uma festa de luzes na escuridão dos ambiciosos

Todavia, convida a encurtar caminhos

Abrir fronteiras, portas e umbrais

Deixar entrar a esperança

Para novamente em Gaza ver

O Menino Deus justamente renascer.

Maria do Carmo O. M. Santos (Madu)

Maria do Carmo de Oliveira M. dos Santos (Madu) é Psicanalista, Doutora em Literatura Brasileira, com o projeto de tese “Carlos e Mário: análise das correspondências sob a perspectiva do público e do privado”. Mestre em Literaturas de Língua Portuguesa (Literatura Comparada), pela PUC-Minas, com o trabalho intitulado, “Imagens Urbanas: uma leitura dos signos da cidade contemporânea no espaço narrativo de João Antônio e Luiz Ruffato”. Autora dos livros “Ávidos Ácaros” (poesia), “Ritinha passou por aqui” (memórias), “Sorriso Contido” (poesia). É também uma dos idealizadores da Roda Literária “Épikos: diálogos, vozes e saberes”.

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Libertário - professor de história, filosofia e sociologia .
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