A crise atual é multifacetada porque variadas são as suas fontes.
Há a fonte econômica que produz seus efeitos, como há a fonte política e a fonte ideológica que produzem os seus próprios efeitos. Tudo isso junto e misturado dá no que está dando.
O que predomina no momento são os aspectos ideológicos da crise, e a extrema-direita está sabendo melhor do que ninguém se valer disso.
Não foi por outro motivo que Michele Bolsonaro em seu discurso no ato da avenida Paulista desse domingo disse que a origem de todo mal reinante está na separação da religião da política. (Malafaia e Feliciano, cada um a seu modo, foram na mesma linha.)
A dimensão ideológica da crise é o principal ativo de que se vale a extrema-direita para manter operante o seu projeto de poder, o que explica, como vimos, a constante exacerbação do discurso ideológico em todas as suas dimensões, seja na religião, na moral, na cultura etc.
