Interpretação: Delayne Brasil
‘

A lua, bêbada e sonâmbula,
afasta a cortina das nuvens
e vai abrindo lentamente
todas as portas da noite.
Inspira ali um poeta
que sonha um dia
em ser famoso,
hipnotiza uma matilha
de lobos
na campina desolada
e, mais adiante, surpreende
um casal no doce ofício
do amor.
Despudorada, faz pose para
o astrônomo que fotografa
as suas intimidades
com um possante
telescópio,
mesmo instante que ilumina
o caminho do vaqueiro
solitário
que tange uma boiada na
imensidão do seu deserto e
já inventa luminosa estrada
para o veleiro, tão frágil
que vai se equilibrando
no sobe e desce das ondas.
Mais além,deusa das trevas,
aceita as oferendas
de uma tribo
perdida no meio da floresta
e, ao mesmo tempo que se
mira na poça d’água
dos olhos da moça que é
triste e chora sem motivo,
reflete-se poderosa no
espelho infinito de uma
geleira.
Parece muitas,
parece luas,
mas é uma só.
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Espetacular.
Delicioso.
Comovente.
Obrigada, querido poetamigo Sílvio.