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Neste vídeo, o prof. Luiz Carlos de Oliveira e Silva continua sua análise política sobre a operação policial no complexo de favelas do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, acontecida em 28 de outubro de 2025, que resultou na morte de mais de 120 pessoas.Neste vídeo, o prof. explora as possíveis consequências, a partir da chacina, da introdução, pela extrema-direita, da tese de que há “narcoterrorismo” no Brasil e de que estamos indo em direção a constituição entre nós de um “narco-Estado”.O prof. mostra que a introdução dessa tese está a serviço do projeto de poder da extrema-direita de instaurar no país um Estado totalitário, entreguista, neoliberal e reacionário até a medula.
TRANSCRIÇÃO
Olá, eu sou Luiz Carlos de Oliveira e Silva, e estou gravando este vídeo no dia 30 de outubro de 2025.
É ainda sobre a chacina perpetrada pelo governo do Rio de Janeiro no complexo de favelas do Alemão e da Penha, que resultou na morte de mais de 100 pessoas.
No vídeo de ontem, eu analisei o que me pareceu serem as razões daquela operação, mais uma do tipo, sabendo, como todos sabemos, que operações daquele tipo são ineficazes para derrotar – ou mesmo enfraquecer – o assim chamado “crime organizado”.
Se são ineficazes, por que mais uma chacina? – essa foi a pergunta que tentei responder ontem. Em resumo, a minha resposta foi: “É a política, estúpido!” Uma política cruel e sangrenta…
Disse ontem que a operação foi concebida e realizada de modo a (1) produzir uma chacina, (2) mobilizar toda a população da cidade, disseminando medo e terror, (3) associar a operação com as ações de Trump no mar do Caribe e do Pacífico, fazendo, a partir daí, circular a tese estapafúrdia de “narcoterrorismo”, e, assim, (4) tirar a extrema-direita das cordas, procurando fazer com que ela recupere o protagonismo político perdido, para, (5), reafirmar o seu projeto de poder que não é outro senão o de instaurar no país um Estado totalitário, entreguista até a medula, neoliberal até a medula e reacionário até a medula.
É a luz desses cinco pontos, desses cinco objetivos, que a operação de chacina de anteontem pode e deve ser compreendida. Nada a ver com derrotar o “crime organizado” porque nada foi feito para identificar as cadeias de comando fora da favela como nada foi feito para atingir as finanças deles, dos criminosos.
Sem isso, sem um serviço competente de inteligência policial que identifique e ataque o centro do poder político e financeiro do “crime organizado”, em breve, como todos sabemos, os mortos de anteontem serão substituídos por novos bandidos, e o inferno das populações faveladas continuará o mesmo.
Não é com chacinas que se derrota o crime organizado, mas, como ficou provado mais uma vez, elas, as chacinas, rendem frutos políticos para a extrema-direita, como eu disse ontem.
O ponto 4 tratado ontem – que dizia que um dos objetivos da operação era tirar a extrema-direita das cordas em que se encontrava, procurando fazer com que ela recuperasse o protagonismo político perdido – ficou, a meu ver, amplamente confirmado, bastando ver as narrativas uniformes que eles estão produzindo desde a chacina.
É cedo para dizer se eles vão conseguir virar o jogo com a instrumentalização política da operação policial de anteontem, mas não há como negar, a meu ver, que eles estão com chances reais de conseguir emplacar no debate um tema novo, ainda que totalmente estapafúrdio, falo do tema do “narcoterrorismo”, de que o Brasil estaria se transformando num narco-Estado, cujo chefe do “narcoterrorismo” seria ninguém mais ninguém menos do que o próprio Lula.
É estapafúrdia a tese? É, mas se lembrarmos que temas igualmente estapafúrdios como “kit gay”, “mamadeira dipirona”, e que tais, emplacaram em parcelas consideráveis da nossa população, a ponto de desequilibrar o jogo eleitoral, não dá para desprezar os efeitos nefastos de tal tese, sobretudo se levarmos em consideração que a tese do “narcoterrorismo” vai ao encontro da política imperialista de Trump com a qual ele está querendo subjugar a Venezuela e a Colômbia.
Parece que tudo foi feito, na chacina, com esse propósito: trazer Trump e a sua política imperialista para o centro da nossa cena política. Eles não conseguiram fazer com as sanções, e agora, pelo jeito, estão dobrando a aposta.
A extrema-direita brasileira, como a extrema-direita de Milei na Argentina, são braços políticos do imperialismo, são forças de quinta-coluna, são forças infiltradas com o objetivo de submeter os nossos países a sanha destrutiva seja dos interesses ideológicos da extrema-direita estadunidense, seja dos interesses do grande capital do Império decadente. Esses interesses se conjugam e estão guiando a ação da extrema-direita na Venezuela, na Argentina, no Brasil…
Do ponto de vista dos interesses antinacionais, antipopulares e antidemocráticos, contra o povo brasileiro, a instrumentalização da chacina por parte da extrema-direita vem sendo, pelo menos de início, bem sucedida.
Eles estão conseguindo deslocar a discussão acerca da tentativa do golpe para a questão da assim chamada “segurança pública”, onde eles retomam a tese de que, ao defender direitos humanos, a esquerda quer mesmo defender bandido.
Trata-se de mais uma tese estapafúrdia, mas que tem o seu público – como não reconhecer que funciona em certos setores da nossa sociedade?
Nos colocar a pecha de defensores de bandidos – por defendermos que as polícias têm que basear as suas ações na lei – isso aí é mais do mesmo. Já conhecemos essa ladainha…
Mas, ao associar essa pecha à tese do “narcoterrismo”, aí a coisa muda de figura, a coisa aí escala, e escala de modo muito perigoso porque mostra que a extrema-direita irá trabalhar, agora abertamente, para criar as condições para nada mais nada menos que uma intervenção dos Estados Unidos no Brasil.
É disso que se trata…
Vemos hoje de modo mais claro, me parece, que um dos objetivos da ação de anteontem era exatamente esse: introduzir o falso problema do “narcoterrorismo” de modo a eles irem produzindo as condições para uma intervenção dos Estados Unidos no Brasil.
Muitos dos próceres da extrema-direita já se sentem à vontade para não disfarçarem esse objetivo, para a gente ver como a coisa, a depender deles, está dando um salto de qualidade.
Fato é, estou certo disso, que a operação de anteontem no complexo de favelas do Alemão e da Penha pouco teve a ver com a assim chamada segurança pública, tendo tudo a ver, isso sim, com a reafirmação do projeto de poder da extrema-direita, projeto de poder esse que, repito, não é outro senão o de instaurar no país um Estado totalitário, submetido ao Imperialismo, entreguista até a medula, de destruição do Estado e dos direitos até a medula, reacionário até a medula.
Eles estão conseguindo sair das cordas… A esquerda precisa estar atenta a isso e se preparar a a luta que se anuncia bruta.
Até a próxima…
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