A felicidade só é de verdade quando é compartilhada : eis aí um axioma que aprendi a respeitar. Talvez tão importante que procurei tê-lo em conta , em todos os momentos, na minha vida-vivivida .
Mas, ele não se aplica no momento da morte, a mais solitária das experiência que possamos ter – a da despedida . Ao contrário do nascimento – onde estamos sendo recebidos .
Invariavelmente , na maior parte das vezes , quando tomamos conhecimento que a velhice chegou , este pensamento nos assalta ; e então é impossível não lembrar .
Mesmo que procuremos desviar nossos pensamento , desviar o assunto , não discutir com os outros , trata-se de uma questão que não podemos fugir , pois ela nos persegue na nossa intimidade , nas nossas mais profundas reflexões .
Filosofar sobre a morte !
Isto nos trás uma profunda tristeza , melancolia , pois sabemos que a solidão sempre acompanha o momento da morte .
Na verdade , penso eu : não temo propriamente a morte ! Temo a figura que ela trás como acompanhante : a solidão ao partir .
Mesmo que tenha a sorte de morrer entre aqueles que eu adore ( um acontecimento muito difícil , pois a sociedade moderna quase que nos obriga a morrer entre estranhos , entre médicos , enfermeiros , que têm uma relação impessoal conosco ), o passo decisivo se dá solitariamente ,pois somos nós que vamos partir – sair de cena . E quanto a isto , não há nada o que se fazer .
Dissociados que somos da natureza , em um mundo racional que nos ensina que ao homem tudo é possível , com certeza não podemos entender a morte .
Melhor seria se pudéssemos conviver com a sua inevitabilidade .
Creio então , que cabe à medicina , a ciência moderna , atenuar um dos elementos presentes com a sua chegada : o sofrimento físico, pois ele nos tira o discernimento ( pela dor ininterrupta ) deste momento importante .
Eis aí Um assunto pouco discutido , mas que o filme canadense ” As invasões Bárbaras ” , tratou com sensibilidade e coragem . (http://youtu.be/mseGjgbmlKA).
Mas , mesmo sem entrar neste assunto , é impossível não ver com simpatia o trabalho que a médica Ana Claudia Quintana Arantes , especialista em Cuidados Paliativos e graduada em Intevensões em Luto , faz com doentes terminais , e que mostramos no vídeo a seguir com sua brilhante intervenção no TED , aqui no Brasil .
Uma palestra para pensar !
Serra da Mantiqueira , 9 de junho de 2015
Arlindenor Pedro