Desde o final do ano de 2012 estamos aqui !
Em 2017 entraremos no nosso quinto ano de existência, período onde fomos amadurecendo e tendo uma melhor compressão da realidade do país e do mundo que nos cerca .
Nesses anos muitas coisas aconteceram .
Após as ocupações de logradouros públicos que ao estilo Occupy Wall Street explodiram em grandes metrópoles do país, como todos, fomos surpreendidos pelas extraordinárias jornadas de 2013 que acordaram o gigante Brasil e que pôs nas ruas as mais variadas correntes sociais, que até hoje teimam em ser protagonistas da nossa história recente .
Naquele momento fomos testemunhas do pânico que tomou de assalto as elites dirigentes, que viram os seus palácios de governo, as prefeituras e câmaras municipais cercadas pelo povo, na sua maioria jovens, e que fizeram os prefeitos e governadores desorientados recuarem nas suas decisões de aumento das tarifas de transportes .
Ansiosos, assistimos a um fato inédito: a própria presidente do país, em rede de tv, se dirigiu à população , oferecendo um pacote de reformas, com o objetivo de tirar das ruas as massas de manifestantes . Vivia, então, o Brasil a sua primavera, à exemplo de outros povos em todo o mundo .
Na ocasião, para nossa surpresa , os protagonistas-organizadores desta histórica explosão, também atônitos com os milhões de cidadãos que acorreram às nas ruas, não se sentindo preparados para a continuidade desta luta, se retiraram das suas direções, deixando os protestantes decidirem seus próprios rumos .
Infelizmente, tal decisão fez com que este movimento a se estilhaçasse em inúmeros outros movimentos autônomos, que foram facilmente dominados pela repressão após serem descaracterizados pela mídia conservadora do país .
A seguir, como todos, fomos testemunhas da mais escandalosa e milionária campanha política de presidente, governadores e deputados da nossa história – a campanha de 2014, onde imperou a mentira e o esforço de dizer aos brasileiros que estávamos imunes à crise que há muito tempo assolava os países capitalistas, e que já teríamos ingressado no clube fechado de países capitalistas do primeiro mundo .
As promessas de reformas feitas nas jornadas de julho 2013 foram então esquecidas, e passamos a viver um mundo de fantasias criado pelos marqueteiros de plantão !
Porém, num passar de tempo relâmpago , após a vitória da presidente Dilma, vimos o povo constatar que o que lhes foi dito na campanha era mentira e que o país estava falido e à beira do abismo econômico e social .
Acompanhamos, então, a explosão de grandes massas nas ruas, desta vez com características deferentes das jornadas juvenis de 2013 e a ruptura da aliança das elites com o governo populista do PT – aliança esta que desde a primeira eleição de Lula, consubstancializada pela ” Carta aos Brasileiros” administrava o país.
O Brasil passou a viver, então, o período do fim da administração da barbárie, que até então se fazia através da aliança entre o PT e as forças conservadoras , e um novo momento : o aflorar de uma clara disposição das forças reacionárias em conter o povo e por fim a todas as poucas conquistas sociais que foram possíveis desde a Revolução de 30.
Hoje, vivemos um momento onde as classes dominantes, após terem se desvencilhado de seus antigos aliados populistas, se esforçam em implantar uma política recessiva e de austeridade seletiva, colocando por terra as liberdades democráticas obtidas na Carta de 1988 e as insuficientes conquistas sociais e econômicas que deram forma ao país desde meados do século XX . Após a ilusão do lulismo o tacão de ferro da elites se abate sobre o povo !
Durante estes períodos os textos publicados pelo nosso blogue procuraram refletir estas mudanças e servir como elemento acessório para a formulação de saídas para a crise estrutural no qual o país está mergulhado .
Mais do que nunca, os conceitos emitidos no seio da Crítica do Valor se mostram para nós de uma importância vital para a compreensão da realidade que nos cerca, mormente em relação a caracterização da crise por que passamos entendendo- a como inserida na profunda crise do colapso da economia capitalista contemporânea.
Tal postura nos permitiu ver que esta crise atingiu o seu limite e longe de ser mais uma crise conjuntural apresenta-se como um processo de colapso que está redesenhando o mapa político do globo terrestre , formulando uma nova relação entre as nações onde prepondera o Estado de Exceção, fórmula político-jurídica encontrada pelo capital para continuar se expandindo no meio da barbárie que vai se instalando no seio da humanidade .
Esperamos nesta nova etapa de nossa existência aprofundar o nosso conhecimento sobre esta nova fase do capital que apresenta-se como inteiramente diferente de suas fases anteriores .
Para nós, salta aos olhos que o capital após executar sua 3 Revolução Industrial pode através da incorporação das incríveis técnicas obtidas pela micro eletrônica ser capaz de gerar riquezas prescindindo do trabalho humano , inaugurando um momento histórico onde imensas massas de seres humanos passaram a ser descartáveis – massas de viventes sem função econômica, num mundo onde os Estados Nações se desfazem e se governa através das grandes corporações transnacionais, numa economia fictícia onde impera o dinheiro sem valor .
Aquilo que era o horrendo destino formulados nas ficções hollywoodianas vai então tornado-se realidade, ficando mais visível ainda com as aceleradas mudanças climáticas e pela exaustão das reservas energéticas a terra.
Assistimos horrorizados a humanidade viver um momento onde sua própria existência como espécie correr o risco da extinção . Um sistema econômico e social criado pelo homem à cerca de 300 anos desenvolveu estruturas abstratas de dominação que através do fetiche da mercadoria domina a vida e os desejos de bilhões de seres consumistas, que como vírus sem controle exaurem todas as forças vitais do planeta.
Por sua prática predatória o capitalismo tornou-se o principal inimigo da humanidade e nos faz viver um momento decisivo : ou nós o superamos como forma de relação econômica e social ou penetraremos num estágio profundo de barbárie que nos levará a extinção .
Nosso blogue propõe-se a ser um instrumento de reflexão deste momento e abrir perspectivas para uma nova etapa da nossa história – o começo da nossa emancipação, única forma de escaparmos deste futuro assustador !
Da redação,
Serra da Mantiqueira, setembro de 2016.
A balsa da medusa – quadro de Théodore Géricault.
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