Opinião

Num mundo em decadência, onde o capitalismo não oferece uma perspectiva de futuro, o debate sobre as eleições deve colocar como prioridade os novos caminhos que devemos trilhar : caminhos inéditos, inovadores, que coloquem o Brasil na vanguarda de uma nova forma de se viver.

Até o momento o mundo político assiste a volta à cena do ex- presidente Lula .Trata-se de um evento importante, dada a inserção que ele tem junto ao eleitorado . De imediato, a corrida presidencial foi alterada – Lula já desponta como líder nas pesquisas. Uma novidade e tanto !

Outro evento, este não tão novo , é o fracasso da política econômica do governo Bolsonaro – fracasso este acentuado pela pandemia sem controle . Parece que a elite brasileira, que tinha apostado suas fichas no capitão vai chegando a conclusão de que ele é inepto para levar a frente um modelo de desenvolvimento que garanta as forças produtivas amealhar maiores ganhos financeiros .

A recessão econômica  chegou com força no país, e o atual governo está claramente sem um projeto para reverter este quadro. É preciso então mudar o jogo,  e o governo cada vez mais vai ficando isolado .

O espaco institucional para  esta mudança  de jogo é sem dúvidas as eleições que se aproximam : o debate então  está posto na mesa. Os grandes atores políticos fazem então a  pergunta : para onde devemos ir ?

Insistir na projeto suicida do Governo Bolsonaro parece que não é mais o caminho . Ele não oferece garantias de êxitos, e o alto preço cobrado pela impopularidade do presidente não vale a pena ser bancado , num quadro mundial desfavorável com a vitória dos democratas nos USA.

O governo está sem um norte na política econômica e se debate entre o caminho populista de direita  desejado pelo presidente, que almeja à reeleição,  e o mercado que exige reformas e austeridade . O resultado tem sido o caos, e a paralização da economia. Talvez não seja mais possível, para as elites econômicas, continuar seguindo com ele.

Por outro lado , Lula oferece o de sempre : acalmar a população , através da implementação de um governo populista de esquerda. Ele acena, então , em criar espaços para as tão almejadas reformas que o capital necessita para conseguir ter pleno êxito na absorção do mais valor retirado do trabalho abstrato gerado no país.Resgatar o passado, que segundo ele foi de paz e prosperidade . Uma grande festa cívica de reconciliação de classes, num país divido pelo ressentimento .Certamente, uma proposta e tanto !

Desejando chegar ao seu  objetivo os donos do capital no país estariam então dispostos a reformular suas posições .Muitos já aceitam conversar com o  barbudo,  pois para eles não importa o santo: importa  que o milagre seja realizado.  Vemos então, uma clara polarização na política !

Não nos iludamos ! Aqui ,  a questão democrática  é apenas um detalhe . O que está em jogo são os caminhos para se implementar as reformas econômicas tão almejadas  pelo capital financeiro e produtivo e a superação da  recessão galopante .Pouco importa o cavaleiro que montará este cavalo. Se um não dá, paciência: vamos em busca de outro !

Resta saber se esta  polarização interessa ao povo brasileiro,  e se vitória de um destes polos em disputa libertarão o conjunto da população dos sacrifícios que estão fazendo,  numa das  maiores crises econômica e social da história do país .

Temos claro que dentro desta polarização o país não sairá da crise estrutural em que se encontra . É preciso então colocarmos na mesa do debate outros parâmetros que até então não foram examinados . Eles estão fora do âmbito da economia e da sociedade capitalista . E são estes parâmetros que nos comprometemos em discutir em conjunto, no nosso dia-a-dia com vocês .

Arlindenor Pedro

Serra da Mantiqueira, 27 de maio 2021