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A invasão do Níger pode ser um fator de instabilidade mundial .

arlindenor pedro
Por arlindenor pedro 7 leitura mínima

Opinião do Editor

Olá, amigos e amigas, seguidores da nossa publicação emancipacionista Ensaios e Textos Libertários. Amigos e amigas que nos seguem nas Redes Sociais e no nosso Canal Libertário no YouTube.

Se já não bastassem as preocupações que todos nós temos com o futuro da humanidade, preocupações que ficaram mais fortes com os confrontos militares na Ucrânia, estamos agora prestes a ampliarmos nossa sensação de insegurança com a instabilidade crescente no continente africano. As recentes ameaças de invasão do território do Níger, no centro da África, podem ser o rastilho de ampliação do confronto militar entre as grandes potências mundiais, e isto certamente preocupa-nos imensamente.

Salta aos olhos que na atualidade está em curso um processo de guerras locais de reordenamento mundial, um processo de movimentação e tentativas de consolidação das zonas de influências dos países imperialistas. Alianças são desfeitas e novas alianças surgem neste processo de reordenamento mundial. Países que até então se autoproclamaram como pacifistas se lançam agora na competição armamentista e multiplicam suas forças armadas e indústria bélica. É o caso do Japão e da Alemanha, por exemplo, que por força de tratados oriundos do final da segunda guerra mantinham forças armadas residuais, e hoje estão em franco processo de expansão do seu poderio militar. Está claro que a Nova China que se apresenta como uma novíssima super potência e a Rússia pós-soviética se movimentam no globo terrestre como potências militares, com interesses globais. Antigos impérios que julgávamos mortos, até então, ressurgem no cenário mundial, como a Turquia, que sonha em restabelecer suas antigas zonas de influência, oriundas do extinto Império Otomano e a Índia, que busca um protagonismo mundial. Isto sem citarmos aqui a situação explosiva do Oriente Médio e a escalada militar que põe em confronto o Irã, a Arábia Saudita e o Estado de Israel. Vemos, então, que o imperialismo americano e os seus aliados na comunidade europeia avançam sobre as antigas zonas de influência da falecida União Soviética, e que tal movimento acabou em resultar na guerra em curso na Ucrânia. Fica, então, visível que o antigo equilíbrio de um mundo bipolar existente no período da guerra fria deixou de existir, dando lugar a um mundo multipolar, onde as peças procuram se encaixar em novos lugares. O mundo dominado pelo modo de produção capitalista está instável e ameaça a humanidade, ao pairar nas nossas cabeças a sombra das imensas ogivas nucleares que pertencem aos arsenais destes países.

Dentro deste quadro, o recente golpe militar no Niger e as mudanças de alianças da junta militar que assumiu o poder acabou por resultar numa imediata reação do imperialismo francês. Notemos aqui que a França tem importantes interesses comerciais naquele país , notadamente o do controle da extração e comercialização do urânio, combustível estratégico para suas usinas nucleares e sua reação é proporcional aos prejuízos que poderá ter com as recentes decisões da junta militar que se encastelou no poder . Seus aliados no continente, países como a Nigéria, Benin, Togo, Gana, Costa do Marfim, Libéria, Serra Leoa e Senegal, que mantêm governos pró-Ocidente, ameaçam agora invadir o Níger, e isto abre a cortina de uma guerra, que sem dúvida pode se transformar em outro conflito por procuração entre a OTAN e a Rússia, desta vez no continente africano .A escalada militar que já se faz presente na Europa, com a guerra na Ucrânia e está prestes a explodir com a iminente invasão de Taiwan pela China no oriente, ameaça agora a estabilidade dos países africanos, mergulhado o mundo com a hipótese de um holocausto nuclear.

Urge para nós a consciência de todos de que tal situação de perigo se faz unicamente devido aos interesses financeiros de um mundo regido pela ótica do capitalismo. Ótica que sabemos nós se funda na necessidade do lucro incessante, e do controle total de países sobre os outros. O capitalismo hoje é o principal inimigo da humanidade! Sua lógica predadora está destruindo a natureza que nos abriga e aos demais seres vivos que aqui habitam. E esta lógica empurra os países para guerras fratricidas que devido à existência de arsenais nucleares podem destruir a própria vida no planeta. Basta uma centelha para incendiar toda uma pradaria. E esta centelha pude ser a uma invasão no Níger, uma invasão em Taiwan ou mesmo a guerra em curso na Ucrânia.

Só um movimento mundial dos seres humanos contra esta lógica pode barrar tal trajetória insana de destruição. E isto é possível e depende da nossa atitude. A luta pela paz, pelo fim do capitalismo e por uma nova forma relacionamento entre os seres humanos se torna imprescindível. Devemos participar com todas as nossas forças de todas as iniciativas que surjam contra o capitalismo: seja nas lutas ecológicas, seja na luta pela paz e contra a violência, seja pelo direito dos cidadãos contra o Estado, seja pela dignidade da espécie humana e contra racismo, contra o domínio patriarcal da sociedade e pela liberdade de culto e religiões. Estas lutas têm muita importância e se forem deflagradas e dirigidas tendo como objetivo final a superação da sociedade capitalista podem barrar o processo de implantação da barbárie que está curso e a iminência de uma guerra nuclear. Todas as lutas sociais em curso devem então ter um caráter anticapitalista para serem efetivamente consequentes. Está na perpetuação do capitalismo a nossa ameaça maior . Precisamos nos livrar dele !

Serra da Mantiqueira, agosto de 2023

Arlindenor Pedro

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Libertário - professor de história, filosofia e sociologia .
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