Sem programa nacional, popular e democrática a conduzir o seu destino, não temos povo, temos população.
No Brasil de nossos dias, portanto, não temos povo, só população.
Povo é uma realidade política, população é uma realidade empírico-demográfica.
População é uma realidade em-si, povo é uma realidade em-si-e-para-si, que só tem existência por mediação da política.
É exatamente isso, a mediação da política, o que nos falta. E todas as nossas misérias atuais advêm dessa falta.
A mediação da política não é outra coisa senão um programa nacional, popular e democrático.
No interior da população brasileira há, dispersas, diversas identidades culturais, e é bom que a diversidade persista.
Essa diversidade cultural deve encontrar um ponto de unidade no programa nacional, popular e democrático, mantida as suas singularidades.
A vanguarda política brasileira a ser construída deve ter, a meu ver, como tarefa primeira e urgente, colaborar para a elaboração do programa nacional, popular e democrático.
A consciência política de que precisamos não irar brotar das lutas imediatas que os grupos e as comunidade vêm travando.
Ou ela virá “de fora”, do programa nacional, popular e democrático ou ela simplesmente não virá.
A superação da consciência ingênua não se dará, porque jamais se deu, do modo como esperava Álvaro Vieira Pinto…
A contradição entre a consciência ingênua e a bruta realidade, no lugar de produzir a consciência crítica, como esperava Vieira Pinto, foi explorada pelas igrejas neopentecostais, com os resultados conhecidos.