A tese defendida ontem no STF pelo advogado do réu Aécio Lúcio, Sebastião Coelho, é cínica e contrária aos interesses de seu cliente.
A tese ecoa a “narrativa” da extrema-direita de que as “manifestações”, ainda que condenáveis em seus “excessos”, não tinham como derrubar o governo, sendo, portanto, incabíveis as acusações de “abolição violenta do Estado” e “tentativa de golpe”.
Essa tese é ineficaz e cínica porque finge desconhecer que aqueles “manifestantes” estavam sendo instrumentalizados por gente que apostava na criação de uma situação de caos, situação essa que, segundo o projeto dos próceres do golpe, iria desencadear a intervenção militar contra o governo Lula.
Aécio Lúcio foi objeto de instrumentalização política em 8 de janeiro, e foi, ontem, de novo, objeto de instrumentalização política por parte de seu advogado, ele próprio um dos próceres ostensivos do golpe de Estado.
Ao não orientar a defesa pela tese da instrumentalização política de que Aécio Lúcio e demais “manifestantes” foram vítimas, o advogado de defesa agiu contra o interesse de seu cliente e em favor do seu próprio interesse e dos demais próceres do golpe.
Aécio Lúcio foi instrumentalizado duas vezes!
Enquanto aqueles pobres diabos estão em cana desde o dia 8 de janeiro, com perspectiva de condenações pesadas, os próceres do golpe continuam no conforto de seus escritórios de suas empresas, nos refúgios nos EUA, nas redações da Jovem Pan e assemelhados, nas casernas, nos clubes militares…
A tese defendida contra o interesse de seu cliente pelo advogado golpista foi acompanhada, para surpresa de ninguém, pelos ministros representantes da extrema-direita Nunes Marque e André Mendonça, indicados ao STF por Bolsonaro.