Fundado em novembro de 2011

Visualizações

0

newsletter

0

Uma nação dividida!

arlindenor pedro
Por arlindenor pedro 6 leitura mínima


Se pudéssemos fazer uma avaliação sobre o atual estágio da nação brasileira, poderíamos afirmar com precisão:trata-se de uma nação dividida. Carecemos de uma proposta capaz de entusiasmar a totalidade dos milhões de brasileiros, proposta que aponte para o futuro e que abarque a maioria, unido-as em busca de um futuro promissor. Diríamos mesmo: nos falta uma utopia a ser perseguida e concretizada!

Como nenhum dos atores político e social se apresenta como hegemônico, vivemos então a angústia do empate, onde nenhum projeto de futuro pode se firmar, nos levando a uma crise constante que volta e meia se desdobra em embates sangrentos.

Um dos exemplos mais eloquentes é o da questão contemporânea do chamado Marco Temporal:último embate entre setores importantes do país para tentar destravar o conflito sobre segmentos territoriais reivindicados pelos povos originários indígenas e quilombolas e os invasores daquilo que convencionamos chamar de “fronteira agrícola”.

Perdendo terreno junto a opinião pública que vê com apreensão os contínuos desmatamentos de importantes reservas florestais feita pelas mineradoras, megas fazendas de monoculturas para exportação, turismo predatório, pescas ilegais, etc., os atores interessados nestas terras forjaram uma decisão marota do Congresso estabelecendo um limite temporal para a reivindicação de terras no país. Desta forma tentam fazer um corte temporal, que, na prática, retira desta luta centenas de povos indígenas e quilombolas, que não mais poderiam reivindicar a posse de suas de terras de origem.

Pressionado pela opinião pública, o STF acabou então se pronunciado pela inconstitucionalidade de uma lei que fixa um tempo limite para a demarcação das terras para os povos indígenas e povos quilombolas, aceitando na prática o seu caráter de povos originários. Embora com limitações, pois não houve unanimidade sobre o corpo da decisão, como por exemplo indenização para os invasores das terras indígenas e quilombolas, tal decisão enfureceu setores majoritários do Congresso. O resultado é que hoje, na atualidade, estes setores buscam retaliar contra a própria corte do Supremo, mergulhando o país em mais uma crise entre os Poderes da República.

Tal situação apenas exemplifica o que afirmamos anteriormente: estão expostas às contradições entre diversos segmentos da nação brasileira. Dito de outra forma: o acirramento e polarização política no país apenas reflete a contradição entre os seus diversos segmentos econômicos, que se chocam por interesses inconciliáveis. Portanto, para entender o que ocorre hoje no país e o seu grau de polarização política social é necessário estudar e conhecer profundamente que interesses são esses e os caminhos que cada grupo social propõe.

São visões de mundo diferentes, sendo preciso colocar-se na mesa como cada segmento politico vê o futuro do país.

Infelizmente não é este o conceito norteador do atual governo, oriundo de uma frente heterogênea que se formou para derrotar eleitoralmente as propostas fascistas do governo Bolsonaro e dos militares que deram sustentação as suas ideias de golpe institucional. Segmentos que tentaria pela força ditatorial levar adiante propostas de um governo forte de direita que daria sustentação a rapinagem de partes importantes do país.

Claramente o agronegócio, as mineradoras, o setor financeiro, militares, religiosos e uma classe média apavorada diante das ameaças de empobrecimento e deslocamento social estavam e estão dispostas a seguir por este caminho: implementar pela força um projeto de total exploração mercantil do país sem considerar os prejuízos culturais, ambientais e mesmo civilizatórios da imensa maioria da população brasileira.

Sem um programa claro e definido para o futuro pena este governo no seu dia-a-dia.

Sem maioria parlamentar, cada votação no Congresso é um parto, onde as negociações se avolumam, sendo o governo abocanhado constantemente por parte da oposição, perdendo cada vez mais sua nitidez, e com seus participantes originais vagando sem um rumo definido, tentando apenas sobreviver. Amontoados no poder em torno da figura carismática da liderança do Lula, aguardam os próximos passos e tentam se fortalecer, se cacifando para as próximas eleições, onde seus aliados poderão estar no governo ou mesmo fora dele, na oposição.

Enquanto houver estabilidade no quadro econômico, é possível manter tal cenário, mas ninguém aposta em dizer qual será o futuro se uma nova crise econômica se estabelecer. A perspectiva de um futuro sombrio paira entre nós!

Urge, portanto, aglutinar as forças que buscam saídas, novas perspectivas, fora deste futuro sombrio.Forças sociais que tenham a coragem e determinação de se organizarem em torno de uma proposta mínima, que nos tire deste caminho que nos levará inevitavelmente para a barbárie.

E esta proposta mínima, nós sabemos, não se dará pelos caminhos de um capitalismo em crise terminal e sem propostas, além do consumo irrefreável. É fundamental,pois, que nos aglutinemos por novos caminhos, construindo uma forma de imaginar um futuro diferente, onde conceitos como a solidariedade prevaleça acima da forma de competição irracional da atual sociedade.

Esta é a nossa concepção e lutaremos aqui e em todos os lugares para que esta utopia se materialize, se torne realidade!

Serra da Mantiqueira, outubro de 2023

Arlindenor Pedro

Loading

Compartilhe este artigo
Seguir:
Libertário - professor de história, filosofia e sociologia .
Deixe um comentário

Deixe uma resposta

Ensaios e Textos Libertários