Texto de Joana Loureiro
Quando cada vez mais se torna difícil sonhar com um mundo possível, será que estamos sentindo nostalgia por uma possibilidade que sequer existiu?
Simon Stålenhag (20 jan. 1984) é um artista sueco. Seria injusto defini-lo apenas como pintor, como designer de games, como músico, como fotógrafo, ou como qualquer outra categoria, quando se trata de alguém que mescla diversas linguagens para contar histórias que ainda não foram contadas.
Utilizando-se de cenários adormecidos no tempo e revisitando a própria infância, Simon cria narrativas à primeira vista realistas, e que fazem o interlocutor se perguntar se são fotografias, pinturas, arte digital ou pixel art. As dúvidas não são apenas essas. Pergunta-se ao vislumbrar a utilização do cromático pouco saturado: é dia ou noite? Aurora ou ocaso? Seus quadros são uma série de uma única composição ou apenas uma obra com um fim em si mesma?
Outra característica das composições de Simon são os cenários não centralizados, mesclando-se os elementos da cena principal com demais acontecimentos quase tão importantes para criar a atmosfera tão realista quanto fantástica. Novamente, somos transportados a uma infinidade de questões e absorvidos pelo mistério pelo não-contado.

Apesar de parecer a um primeiro momento nebuloso, as composições de Simon dialogam entre si e são parte de uma concepção de universo mais elaborado ainda. É possível observar não apenas a utilização de personagens por ele criados em diversas obras, como de elementos que se repetem e que criam um contexto de distopia.
Por essa razão, a arte de Stålenhag precisa ser vista através de um contexto – que dialoga intimamente com a realidade. Até mesmo quando retrata uma composição de natureza-morta, também à primeira vista realista, fala sobre uma profunda nostalgia, ainda mais através de seus closes no cenário (característica também muito forte em suas obras): algo tão banal nos remete uma beleza primordial que talvez tenha sido perdida.

Embora composta por cenários de máquinas destruídas, cores frias e uma vida quase impossível, esse tipo de arte dialoga bastante com um aspecto visceral sobre nossa existência. Diz respeito a algo que não ocorreu, mas que está mais próximo do que imaginamos. Através do real sobreposto ao fantástico, fala sobre o inexprimível de estarmos aqui.



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A música de Simon Stälenhag