A minha homenagem a todos aqueles que estão nas ruas lutando por dias melhores.
Na Praça – Ode à Emma Goldman
Então eles chegaram,
aos bandos, vinham de todos os lados.
Ao longe escutávamos seus gritos.
Nas mãos traziam bandeiras-
estandartes rubros, negros, esvoaçantes.
Com eles chegavam mulheres;
muitas, lindas, de todos os tipos.
Com seus vestidos baratos,
com suas canções de alegria,
enchendo a praça, até então vazia.
Nos braços traziam crianças.
Nos rostos estampavam a esperança.
Então a praça iluminou-se:
seus jardins encheram-se de cor.
Hinos foram entoados,
risos foram trocados.
A praça era um mundo de gente,
o futuro estava presente.
De súbito, fez-se o silêncio
pois lá, bem no fundo da multidão
uma voz ressoou como um trovão.
Era de um homem franzino
que falava com ardor;
um homem comum, até mal vestido.
Falou dos dias futuros,
falou de liberdade
de um novo mundo, de uma nova vida,
da fraternidade.
E então, da noite que circundava a praça
gritos foram ouvidos;
estampidos, ranger de dentes.
Autômatos vestidos de negro-
robôs comandados à distância
avançaram com passos largos.
Homens caíram, seus peitos abertos.
Mulheres gritavam, chamavam as crianças:
tudo era fuga,
com eles levaram a esperança.
A praça voltou ao vazio.
A praça perdeu a cor.
Ao longe, gritos no escuro,
no chão, manchas escarlate:
testemunhas mudas, para o futuro.
Recordações das trincheiras de 1968.
Presidio Hélio Gomes – 1976
Arlindenor Pedro
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Um soco no coração!!! Muito bom, de uma leveza e uma realidade dura que reflete a dor e a indignação dos dias atuais . Parabéns!!!