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O naufrágio do capitalismo- Arlindenor Pedro

arlindenor pedro
Por arlindenor pedro 7 leitura mínima

“Alheios ao que acontecia e ao navio que ia afundando os seus músicos continuavam a tocar, como se isto pudessem impedir a catástrofe que se consumava “. ( extrato de uma notícia de jornal que anunciava o naufrágio do Titanic, em 1912 )


Torna -se mais que evidente que o capitalismo ( modo de produção que implantou – se na Terra há cerca de 300 anos ) exacerbou a alienação do homem atrair vés do fetiche, levando-o a não experimentar mais a realidade de forma direta!

Embora o fetiche estivesse presente em todas as civilizações, somente na era moderna conseguiu , através da sua representação máxima , um grau de totalidade presente em todos os momentos da existência social . Criou-se um mundo onde os deuses antigos foram substituído por um único deus – o dinheiro !

Isto resultou em um tipo de sociedade que não tem consciência de si mesma, não sabe e não vive directamente a sua própria forma de socialização, tendo que “representá-la” simbolicamente em um objecto externo, que em ultima estância, materializa-se através da mercadoria . É o reino da vida -não- vivida e da pura contemplação da moderna sociedade de consumo !

Um mundo que cultua o progresso e a competitividade como instrumentos da felicidade mas que vive em uma crise constante que o aproxima da barbárie !

Esta forma de viver, levou a humanidade , através do avanço da ciência e da técnica associada a produção de bens, a criar um ciclo na existência do planeta que podemos chamar de antropoceno , que diferente dos outros ciclos geológicos, tem o homem, através do capitalismo, como principal agente.

Interferindo fortemente no ecossistema , alterando os processos climáticos e geológicos, este modo de produção , devido a sua natureza predatória levou o planeta a uma catástrofe ambiental que põe em risco a existência de grandes parcelas de seres vivos, incluindo -se aí a própria humanidade .
Um mundo que poderá entrar em vias de extinção ( pelo menos para nós ) !

Dissociado da natureza , buscou o homem dominá-la , não se dando conta que ele mesmo se fez sujeito da lógica da mercadoria, sendo,portanto, por ela dominado .

Na verdade, trocou apenas de senhor! Um senhor que pode levá-lo a extinção se tal processo não for estancado !

Nas ultimas décadas vários cientistas têm alertado para o que ocorre e , embora a princípio fossem tachados como arautos de uma visão catastrófica, a partir das evidentes alterações climáticas e do nível acelerado de extinção de espécies vivas, seus alertas têm tido maior aceitação : os dados que mostram o acelerado aquecimento terrestre que nos colocam perante a existência de amplo processo de extinção de espécies vivas são evidentes, alarmantes e ameaçam a próprias existência da humanidade .

Cresce então o número de pessoas que, movidas pelo instinto de sobrevivência, encaram o capitalismo e a sua visão de mundo, como um problema que precisa ser resolvido.

O capitalismo contemporâneo é o maior obstáculo para a emancipação da humanidade e um entrave para que o homem saia do estágio primitivo de existência a que está submetido!

Cientes de que a superação deste estágio da existência humana se fará pela negação dos valores deste sistema e a sua substituição por uma outra forma de viver , ousam experimentar novos comportamentos e mesmo estruturas autônomas que se contraponha a visão de mundo criada pela sociedade de consumo, como Eco Vilas, Zonas Autônomas , Encontros Pós Capitalistas, Movimentos de cidadania, Escolas Independentes, Movimentos Pela Paz e Contra a Guerra, e tantos outros movimentos utópicos que têm como ponto comum o conceito de auto sustentação e organização horizontal, prescindindo do Estado .

Trava-se então uma luta em vários campos que vão desde a luta teórica no campo da economia , filosofia e antropologia , física e ciências que se contrapõem aos conceitos iluministas e cartesianos que sustentam a atual sociedade, até a novas posturas comportamentais que se chocam na prática com os valores da sociedade da mercadoria. Consolida-se então uma postura rebelde dos escravos que ousam se libertar!

Vão afirmando, então, novos conceitos, onde os valores ligados a criatividade e arte acentuam a liberdade, a fraternidade e a integração com a natureza como elementos de sustentação de uma nova sociedade humana que iniciará os primeiros passos de uma existência emancipada.

Sabem que para sobreviver em um mundo em crise por guerras ambientais e por fontes energéticas , colapsos econômicos , lutas religiosas , alterações climáticas,escassez de água e calor, extinções de espécies e fome é preciso a afirmação de unidades entre aqueles que se contrapõe a barbárie . Unidade essa que vai além das fronteiras dos Estados Nacionais ( onde muitos deixarão de existir ) e se firmarão além dos espaços físicos , em um mundo global , unido pelas redes virtuais .

Estas redes são importantes instrumentos de conscientização e de luta dos seres terrestre que oferecem um sentido global as ações libertárias que se multiplicam pelo mundo. Trata-se de uma luta sem fronteiras, que une as comunidades indígenas , os povos da periferia do capitalismo, os cidadãos e trabalhadores das polis saturadas dos grandes centros capitalistas, os camponeses sem terras, acuados pelo agro-negócio, ambientalistas e ativistas sociais que negam-se a permanecer em um barco que naufraga e insiste em levar ao fundo a humanidade com ele.

Serra da Mantiqueira , abril de 2014
Arlindenor Pedro

Assistam ao programa da tv americana , Great Minds, onde o professor Guy McPherson, nos dá sua opinião sobre o Aquecimento Global. As suas idéias são polêmicas e atualmente divide os meios científicos, mas, de qualquer forma, nos alertam para a gravidade da situação.

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Libertário - professor de história, filosofia e sociologia .
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