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Inês Etienne Romeu – Uma vida devotada à luta contra a tortura

arlindenor pedro
Por arlindenor pedro 4 leitura mínima

Por Arlindenor Pedro

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 A morte de Inês Etienne Romeu, última sobrevivente da Casa da Morte de Petrópolis, encerra o ciclo da história oral dos que ali foram torturados. Agora que ela se foi, só nos restaúm os documentos escritos e as centenas de depoimentos que ela prestou sobre este triste episódio, que envergonha a história brasileira.

Obstinada na busca pela justiça, ela mostrou, a todos os que se dispuseram a ouvir, até que ponto pode chegar um sistema ditatorial que transforma os homens em fera e, no dizer da pensadora Hannah Arendt, banaliza o mal , transformando a ação bárbara da tortura em um ato de mera rotina profissional.

O fato de ter sobrevivido às sessões de tortura e o erro cometido por seus arrogantes algozes, que esperavam ter dominado sua mente, julgando-a incapaz de reagir, deu a nossa população as condições de saber exatamente o que eram os porões da ditadura e a existência desses centros clandestinos, como a Casa de Petrópolis, onde inúmeros opositores do regime militar de 1964 foram eliminados.

Inês Etienne foi incansável na sua vida após a prisão. Devotou o que restou dela na denúncia dos que participaram de seu sequestro, prisão, tortura e seviciamento: cobriu todo o país com palestras, e deu importantes depoimentos às Comissões da Verdade que mais tarde foram criadas. Mostrou o quanto foi cruel o Sistema ilegal montado por aqueles que se apropriaram do poder, derrubando um presidente legitimamente eleito, e a que ponto eles puderam chegar através dessas Casas de Tortura.

Certamente, trata-se de uma personagem importante na nossa história, honrando uma geração de jovens utópicos que não tiveram dúvidas em enfrentar um inimigo poderoso, na busca pela liberdade que naquele momento faltava ao país.

Oxalá sua vida e sua morte chamem à reflexão os incautos que acreditam que um sistema ditatorial pode ser melhor do que a liberdade política que ainda temos, e expressam tal vontade instigando os militares a se apropriarem novamente do poder político.

Nenhuma proposta de avanço econômico ou material pode justificar supressão da liberdade, em qualquer dos seus níveis, pois nos seus porões os regimes ditatoriais geram apenas excrescências inumanas – com as quais Etienne se deparou.

Sabemos que a sua luta não foi em vão e a história não se repetirá.

Publicado em Outras Palavras 

Dora, a força feminina na luta contra o Regime Militar 

O filme “  Quando chegar o momento “ do cineasta Luiz Alberto Barreto Leite Sans “ nos trás com profundo realismo os dias cinzentos daqueles então jovens que entregaram suas vidas a luta contra o regime opressor  dos militares que assaltaram o poder em 1964 .

Aqui o filme reconstitui a trajetória de Maria Auxiliadora Lara Barcelos, de Minas Gerais, onde nasceu, até seu suicídio no exílio em Berlim, três anos antes da Anistia. Dora fazia parte do grupo de 70 revolucionários libertados em 1971 da prisão em troca do Embaixador Suíço Enrico Bucher, capturado pela guerrilha brasileira em dezembro de 1970.

Apresentação e narração de Reinaldo Guarany e Luiz Alberto Sanz; roteiro de Reinaldo Guarany, Luiz Alberto Sanz e Lars Säfström; Fotografia de Staffan Lindkvist; captação de som de Leonardo Céspedes Garreaud; produção executiva de Bettan von Horn; direção de Lars Säfström e Luiz Alberto Sanz; produção de SLS Film och Videoproduktion para TV Suécia Canal 1.

Ao assisti- lo não há como não pensar que devemos fazer de tudo para que dias como estes não se repitam .

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Libertário - professor de história, filosofia e sociologia .
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