No dia 24 de abril de 2015 o Grupo Crítica Radical de Fortaleza lançou naquela cidade , em um ato político com centenas de pessoas , um Manifesto onde abordam a crise que vive o país e o mundo através da ótica da teoria da critica do valor . Trazemos para a leitura de vocês o texto deste Manifesto .
A subversão capitalista apontou que
o colapso do capitalismo vem do próprio capitalismo.
Com isso, ficam desnudados a situação,
a oposição de direita e de esquerda e o sujeito.
NEM DILMA! NEM OPOSIÇÃO!
SAÍDA DA CRISE É EMANCIPAÇÃO
Good bye, capitalismo! Bye, bye, dissociação-valor, mercadoria, trabalho, dinheiro, fetichismo, mercado, Estado, política, partido, economia, concorrência, sujeito. Bye, bye, Obama, Xi Jinping, Merkel, Putin, Cameron, Hollande, Castro, Maduro, Netanyahu, Abu Bakr, Abbas, Dilma, Tsípras.
Que adeus? O capitalismo superou a sociedade pré-moderna. Foi capaz de superar todas as suas crises. Passou por cima de todos os obstáculos, inclusive revolucionários. Durante alguns séculos o capitalismo criou um mundo à sua imagem e semelhança. Moldou nossas mentes para que fosse considerado como eterno. Capitalismo e dinheiro – um é alma do outro. E o ser humano demonstra diariamente que não sabe viver sem dinheiro. Como falar em adeus ao capitalismo?
O capitalismo, por causa da concorrência, aumentou a produtividade ao infinito. Com isso, acabou provocando uma drástica redução do valor (que se expressa no dinheiro) e da mais valia (que se expressa no lucro) nele incluídos. Eles estão zerando. Eis aí a subversão capitalista que está derrotando o próprio capitalismo. Ele subverte todos os seus fundamentos enquanto moderno sistema fetichista patriarcal produtor de mercadorias.
Isto é surpreendente! Mas, muito mais é saber que com isso ele acarrete a sua autodestruição. Que ele próprio corte o galho onde está sentado. Que ele mesmo acabe com a sua própria dinâmica. Que seja capaz de levar em frente um mecanismo que, num dado momento, o fere de morte. Nenhuma contestação social provocou isso. O colapso do capitalismo vem do próprio capitalismo. Como não dizer good bye, capitalismo?
O fato do próprio capitalismo subverter as suas próprias bases advém da autocontradição do capital na sua lógica fundamental. Isso nos coloca diante de um limite interno objetivo do capital que caminhou sinalizando para o seu limite interno absoluto.
Senão, vejamos: há uma relação explícita entre o desenvolvimento das forças produtivas e a desvalorização do valor.
O desenvolvimento permanente da produtividade torna paulatinamente supérflua a força de trabalho. Com isso, o dispêndio de energia humana abstrata passa a ser substituída por forças produtivas da microeletrônica.
Apresenta-se, então, uma contradição fundamental no seio do sujeito automático, do fetiche do capital e de sua dinâmica histórica.
Vejamos mais de perto tão decisiva questão.
O fim em si da riqueza abstrata, que é transformar dinheiro em mais dinheiro (valorização do valor), se fundamenta única e exclusivamente no dispêndio cada vez maior de energia de trabalho humano que constitui a substância do capital.
O aumento e desenvolvimento constantes das forças produtivas tornam precisamente esta substância cada vez mais supérflua. Ao retirá-la do processo produtivo acarreta, assim, a desvalorização lenta e, por fim, dramática dos objetos enquanto valores (mercadorias).
Afinal, a finalidade do capital não é a satisfação das necessidades através da produção da riqueza concreta, mas sim o fim em si da valorização, a produção da riqueza abstrata.
O conteúdo material da produção se torna incompatível com a forma imposta pelo valor. Aqui, emerge a subversão do modo de produção capitalista. Portanto, uma subversão ameaça o mundo – a subversão capitalista. Resultado: o trabalho deixa de ser a fonte principal da riqueza. O tempo de trabalho deixa de ser a sua medida. E o capitalismo vai para os ares exatamente porque se alicerça sobre o valor.
Portanto, o modo de produção capitalista trouxe consigo essa tendência ao desenvolvimento absoluto das forças produtivas. Não “olhou” para o valor e a mais-valia. Isto lhe foi fatal.
Em pleno século XXI o capitalismo revela-se como um sistema suicida que arrasta consigo a humanidade e o planeta para o genocídio, o ecocídio, enfim, a barbárie. Suas categorias, ou seja, suas condições de existência e formas de pensamento passaram a tentar justificar a regressão, ou seja, o recuo da sua civilização.
Passaram-se sete anos do eclodir da crise global de 2008. Hoje, o sistema monetário mundial está prestes a atingir o seu desmoronamento. O limite interno absoluto do capital foi alcançado. Esse limite não é mais temporário, mas absoluto da lógica de valorização. Eis o anúncio da prospecção da morte do capitalismo.
A primeira sinalização para esse limite veio com o terremoto desvalorativo de outubro de 2008. Ele demonstrou que a continuidade da economia de déficit era insustentável. Apontou claramente seu término. A crise avançou aceleradamente em decorrência da fronteira histórica do sistema.
Seus distúrbios são numerosos. E vêm à luz rompendo um silêncio secular. Eles indicam que o afundamento do sistema se apresenta como crise das relações patriarcais capitalistas, notadamente entre os sexos (em cheque a identidade sexual do sistema/o mundo do macho acabou), crise da ecologia (barreira natural), crise da economia (fronteira econômica), crise da política e estados nacionais (não funcionam mais como instâncias reguladoras), crise da sociedade do trabalho (extinção do trabalho/desemprego) e crise da subjetividade (morte do sujeito)
A gestação dessa crise vem desde a origem do sistema. Capitalismo é crise. Sua primeira aparição expressiva foi em 1929, após a primeira guerra. Ela se deu num momento de expansão do sistema. Foi possível superá-la. Com contornos diferentes, dada a heterogeneidade do desenvolvimento capitalista, se apresentou em vários países, após a segunda guerra. Esteve presente na Guerra Fria. No Brasil ela vem se desenrolando desde Vargas, passa pela ditadura e Nova República. Atravessa os governos Sarney, Collor, Itamar, FHC e Lula. A crise esteve em vários países , particularmente no final do século XX e ganhou uma dimensão maior a partir de 2008. E, agora, estoura no colo de Dilma que atordoada amplia a desorientação geral. Sua linha de tempo mostra as falsas opções oferecidas pelo Estado e mercado, pelo capitalismo e pelo capitalismo de estado. Agora, a festa acabou. E as respostas acumuladas na expansão do capitalismo ficaram inócuas. Essa crise atual é a crise do esgotamento do sistema. Sua complexidade exige uma nova teoria com sua práxis emancipatória correspondente. Sua configuração na atualidade demonstra que tudo ficou sem sentido.
A etimologia da palavra crise vem do vocabulário médico da Grécia antiga. Indicava o clímax da evolução de uma doença. Nunca foi usada para explicar os conflitos no contexto das representações pessoais existentes nas condições agrárias e religiosas pré-modernas. Seria incabível. Nessas sociedades a transcendência só era concebível através dos deuses.
O advento da era moderna mudou completamente essa situação. Nessa nova configuração histórica ocupa um papel destacado a polêmica entre a direita e a esquerda. Através delas a transcendência se transformou na imanência à forma capitalista. Nessa imanência a possibilidade da crise evoluir para um colapso do sistema foi rechaçada. O colapso não foi interpretado como um acontecimento inconsciente. Por isso sua compreensão e superação foi adiada.
Durante um longo período histórico a direita defendeu o indefensável e a esquerda nunca foi subversiva.
A direita, para dar vida à suicida lógica em desenvolvimento, fundamentou-se na manutenção da ordem e a manteve a qualquer custo. A expressão política do capitalismo poderia variar, mas nunca contra o sistema.
A esquerda, para dar vida a uma nova ordem, fundamentou-se numa ideia de revolução que não colocou em questão as bases do capitalismo. Ou seja, manteve suas categorias fundantes, contribuindo assim para a modernização do sistema.
De nada adiantou, portanto, fascismo, nazismo, golpismo, perseguição, terrorismo, guerra, assassinato, censura, intolerância, opressão, exploração, dominação, ditadura, neoliberalismo socialdemocrata via mercado… Também de nada adiantou socialismo, bolchevismo, trotskismo, foquismo, anarquismo, maoísmo, nacionalismo, democratismo, keynesianismo, neoliberalismo socialdemocrata via estado… Deu tudo n’água. Mas deixou um rastro de destruição humana e natural, de sofrimento e consequências terríveis para a humanidade.
Mas, o fracasso da criatura é o fracasso do criador. E isto arranha a nossa subjetividade. Ela permaneceu submetida a uma servidão voluntária a serviço do sujeito automático, ou seja, do valor, do capital com sua valorização do dinheiro que vem produzindo um outro rastro de devastação, estagnação, decomposição e sacrifícios inauditos aos seres humanos e à natureza.
Nossa subjetividade descobriu que a Terra não é o centro do universo, percebeu que o macaco é nosso parente, constatou que o inconsciente nos manipula e avançou na compreensão de que o modernismo, pós-modernismo, renascença, iluminismo e Narcisos que tinham como sentido de vida uma razão que se fundamentava numa relação social irracional, louca, absurda e objetivada.
O que fará, agora, ao descobrir que a natureza da crise atual é o resultado de uma subversão capitalista suicida que nos conduz ao precipício?
Continuaremos calando a razão crítica para que essa loucura assassina acabe de vez com a humanidade e o planeta?
Não é mais do que chegado o momento de cantar o ser humano e sua emancipação ao invés das mercadorias e suas paixões?
De olhar para a lua e não para o dedo que a aponta, como alertavam os situacionistas?
Se os caminhos não estão traçados, não é hora de voar?
Nossa subjetividade fetichizada impediu que pudéssemos dimensionar, com antecedência, que o capitalismo subverteria involuntariamente a sua própria substância.
Compreender isto é decisivo. Pois o motivo mais profundo da crise é, ao mesmo tempo, o motivo da própria continuidade dessa relação social capitalista. Um exemplo importante advém da contradição entre o capital social global e o capital individual.
Na relação do capital como capital social global, o valor produzido pelos capitais individuais se agrega, por detrás das costas dos sujeitos, na massa global de valor, pela qual competem os muitos capitais individuais.
O que interessa aos capitalistas individuais é a utilização eficiente de todos os componentes do seu capital. Poupar tempo. Otimizar recursos. Produzir cada vez mais mercadorias recorrendo cada vez menos à força de trabalho. Tomar todos os cuidados para não naufragar na disputa comercial cada vez mais acirrada.
Os capitalistas individuais, portanto, estão voltados às consequências de seus processos produtivos e não dão o devido peso às consequências do processo global do capital. Eles não voltam sua atenção para o capital enquanto sujeito automático de toda a sociedade. E não voltam porque a concorrência os obriga a esta visão parcial em razão de seu próprio contexto social condicionante.
Portanto, os sujeitos econômicos pensantes agem e desenvolvem os seus cálculos no plano da economia empresarial do capital individual.
Evidencia-se, então, uma contradição entre a determinação quantitativa do valor global e do valor individual.
Ao conceito de capital e às suas categorias desenvolvidas a partir dele corresponde unicamente o capital global.
Mas, nesse plano, não existe nenhum sujeito que proceda a cálculos conscientes. A objetividade autonomizada obedece a uma lógica constante e preponderante.
O capital é, portanto, o objeto autonomizado das ações fetichistas dos sujeitos. Nesta autonomização inverte-se a relação ideologicamente suposta, pois a ideologia se apresenta como consciência necessariamente falsa. Não é o objeto que é trabalhado pelos sujeitos. Ao contrário: é a estes próprios que ele “trabalha”. Por isso ele é o sujeito automático e os sujeitos empíricos os objetos.
Nesta inversão, estão colocadas as bases da crise. Afinal, o sujeito automático não pensa e nem age enquanto ser pensante. Constitui a forma cega que se encontra a priori na base da ação humana. É a forma de um movimento dinâmico pautado pela concorrência universal.
Esse movimento só pode ser percebido pela crítica radical da crise do valor, que é a crítica do conjunto da sociedade e só pode ser dimensionado por essa crítica radical da dissociação-valor.
Hoje, a humanidade se depara com o resultado histórico negativo da dinâmica capitalista, com o esvaziamento total do valor e o esgotamento também da produção da mais-valia. A crise não é um problema só da falta de realização da mais-valia realmente produzida, mas da falta de produção da própria mais-valia.
Para o capitalismo continuar existindo terá que existir a barbárie capitalista. Isso se tornou incompatível com a existência da humanidade e da natureza.
Não se trata de catastrofismos, mas de uma conclusão realista face às ameaças previsíveis, mas de dimensões imprevisíveis que se anunciam.
Uma riqueza imensa emerge da atual situação brasileira. O Brasil imerge. A crise chegou e sua coadministração se revelou trágica. Os governantes haviam se apresentado como capazes de superá-la. Estão perplexos. E os eleitores surpreendidos. Dormiram com a candidata. Acordaram com o candidato. Anoiteceram numa cor. E amanheceram com outra. Bradaram vitórias. Acabaram derrotados.
Após a derrota do projeto socialdemocrata via mercado veio o projeto socialdemocrata via Estado. Só que a dobradinha volta à cena fracassada. A essência comum dos projetos veio à tona. As aparências já não enganam quase ninguém.
Ao mudar de rota o governo atingiu em cheio o seu eleitorado. E a não aceitação veio rápido. Segundo pesquisas, 75% acham que o país está no rumo errado. Sua maior percentagem vem dos mais pobres, dos menos escolarizados e dos moradores do interior do país e do Nordeste. É o espanto diante de modelos fracassados que vêm tentando salvar o capitalismo. E que, com o colapso desse, disparam para o abismo. A crise desabou. Agarrar com força as condições de vida capitalista já não garante segurança alguma.
O Brasil não se preparou para o enfrentamento da crise. A confusão é geral. A um presidencialismo quase sem poder corresponde um parlamentarismo sem representatividade. Executivo, legislativo e judiciário estão sob suspeição. A popularidade do governo foi ao chão. A incredibilidade nos políticos e seus partidos foi às nuvens. Seus argumentos se tornaram inúteis, ridículos. Substituir uma política por outra já não mais resolve. Trocar um modelo por outro ficou obsoleto. A natureza caminha para a ruína. Arte e cultura degradadas. Caos na saúde e na educação. Vida animalesca nas cidades. Produtos alimentícios envenenados. Ajuste fiscal. Aumento de impostos. Recessão econômica. Carestia nas alturas. Inflação descontrolada. Aumento de mais desemprego. Terceirização. Retirada de direitos. Festival de corrupção no país. Coadministração da barbárie. Instituições em frangalhos. Autoridades decrépitas. Intolerância em todos os graus. Violência incontrolada. Vida vazia. Discriminação à solta. Insatisfação generalizada. Propostas de reformas políticas, sejam da situação, esquerda, direita, centro não atingem o cerne da questão. Movimentos de rua sem perspectivas por que não enfrentam o desatar desse nó.
Até aqui, no Brasil, todas as revoltas ficaram submetidas à forma capitalista. Agora ruíram os pressupostos para justificá-las. Se elas nos possibilitaram precários meios para viver no sistema, hoje a fonte secou. Para poucos, o paraíso. Para muitos, o inferno. Se o sistema está em decomposição todos os meios entraram em questão. O paraíso já está virando inferno e os que aí estão percebem que está ficando cada vez mais difícil sair dele. Será que já começamos a perceber que não bastavam meios e sim razões para viver? Afinal, esses meios nos condenaram à morte. Agora, temos que encontrar razões que abram caminhos para o bem viver. Para que a revolta não permaneça espontânea, desamparada, desesperada e sem horizontes precisamos de uma teoria e de uma prática não mais submetidas à forma capitalista. Através delas compreenderemos toda a extensão e profundidade do terreno da nova luta e de seu novo objetivo.
O mundo capitalista constituiu uma etapa passageira na história da humanidade. E a consanguinidade, o totemismo, a propriedade do solo e a dissociação-valor constituíram um longo período histórico através do qual o ser humano se despregou da natureza, tornando-se um ser relativamente consciente em relação à primeira natureza, mas não ainda em relação à segunda natureza, que é a sua própria conexão social criada por ele mesmo. Essa conexão social, hoje, assassina a natureza e elimina o próprio ser humano.
Com tudo isso, evidencia-se a resposta para a verdadeira dimensão da crise no Brasil e no mundo, no século XXI.
Trata-se da superação não só da história capitalista, mas da história existente até agora. Não só a era da Guerra Fria chegou ao fim. Chegou ao fim também a história mundial da modernização. Não apenas essa história especificamente moderna, mas a história mundial das relações fetichistas.
Good bye, capitalismo! Hoje podemos dar adeus a você e à crise do seu limite, à sua lógica e a de seu sujeito com sua máquina do fim em si mesmo da valorização, dos quais vieram a destruição da humanidade e a devastação da natureza. Podemos dar às lutas imanentes realizadas diariamente no Brasil e no mundo uma verdadeira dimensão emancipatória, ao transformá-las em lutas transcendentes ao sistema. Agora, iniciamos uma nova história. Contamos hoje com um pensar e um fazer inovadores. Podemos realizar uma ruptura categorial com o capitalismo porque os novos horizontes nos possibilitam construir o antissujeito emancipatório. A partir daí é só darmos asas à inteligência e à imaginação para construirmos uma nova vida, uma nova sociedade, uma nova relação social.
Se o nosso cotidiano é efetivamente um lugar de privação, banalidade, infelicidade e insegurança isso não acontece por causa de um destino imutável. Ele é resultado de uma ordem social caduca e que hoje colapsou.
Uma verdadeira vida cotidiana agora pode ser criada como obra e como história consciente e livre, na medida em que vamos eliminando os cegos mecanismos que atingiram sua barreira histórica e que, superados, abrem a perspectiva emancipatória. Nossa vida cotidiana terá lugares de riquezas escndidas e daqui pra frente pode contribuir para uma contestação generalizada ao sistema.
Não faz mais sentido nossa acomodação perante as crises e catástrofes ditadas pelo automovimento abstrato do dinheiro.
Não faz mais sentido restringirmos a nossa subjetividade teórica e prática a uma estratégia astuciosa de sobrevivência.
Não faz mais sentido continuarmos nos iludindo ao pensar na superação da crise sem uma crítica radical como transcendência ao capitalismo.
Não faz mais sentido defender um campo de manobra para justificar e aceitar sacrifícios. Irrompeu o momento para eliminarmos todos os sacrifícios. Afinal, o processo de modernização acabou. Virou catástrofe, como o registrado na morte dos imigrantes no Mar Mediterrâneo e na mortandade que se verifica em vários cantos do planeta.
Para que a vida fique com sentido exige-se uma razão sensível que é exatamente o contrário da razão iluminista abstrata, burguesa, patriarcal, fetichista e suicida sustentada pela dissociação-valor.
Para a vida ficar com sentido, em face das ações coletivas suicidas em escala mundial e nacional, não cabe mais discutir reformas isoladas incapazes de possibilitarem uma perspectiva emancipatória. A exemplo das falsas e precárias opções oferecidas pela situação ou pela oposição (de esquerda ou de direita).
Para que a vida fique com sentido, já não tem sentido algum recorrer ao Estado contra o mercado e ao mercado contra o Estado. A falha do mercado e a falha do Estado, do sujeito-cidadão e do sujeito-mercantil, tornam-se idênticas porque a forma de reprodução social da modernidade e pós-modernidade perdeu completamente sua capacidade de funcionamento e de integração.
Para a vida ficar com sentido, teremos que originar um movimento de suplantação, como força social, e isso somente é possível por meio da consciência. A crise é objetiva. A emancipação, não! Esta objetividade não é inelutável e nem natural. Ela é uma construção histórica. Como tal, pode ser criticada e superada. A emancipação é uma conquista consciente. Ou jamais será emancipação.
Cabe destacar aqui as valiosas contribuições que vêm das experiências que buscam iniciar a construção de novas relações sociais, ambientais, culurais, etc. não mais baseadas no dinheiro, no Estado e no mercado. Elas têm um valor inestimável porque apontam para além do sistema.
Ao estarmos conscientes e livres para a emancipação, a vida começará a ficar plena de sentido e a transcendência ao capitalismo será pautada pela poesia do futuro.
MENSAGEM DO CRÍTICA RADICAL
Fortaleza, 24 abril de 2015