Deixou-se envolver pela neblina.
Caminhou lado a lado aos vultos na escuridão .
Silenciosos, todos percorriam a trilha conhecida.
Avançaram a passos largos,
sonolentos da noite mal dormida.
Para trás ficaram as casas,
abrigos infectos, feios, sem cor.
No rosto estampava a vida que levavam.
Máscaras de luta, de revolta, de dor
Ao longe, os contornos conhecidos.
Brancas contruções, altas muralhas-chaminés fumegantes.
Portões de ferro. Homens sem rosto,
máquinas que rugem, que gritam.
Fornos que não se apagam jamais.
Ao longo da estrada:longas fileiras de vidas suplicantes.
Caçam a colocação. Lutam pela chance.
Escolhe uma das filas.
Agora seria “um deles”.
Chegara à idade: trabalharia…
Assim sempre fora a lei da vida.
Em uma janela deu seu nome.
Em troca recebeu um número.
Iria percorrer a longa estrada,
Estrada de trabalho, suor e medo.
Pequeno, franzino, dedicado.
Um novo escravo !
Um novo operário !
Presidio Hélio Gomes,1975.
Arlindenor Pedro