Cresce a percepção de que Bolsonaro, mais cedo ou mais tarde, acabará na cadeia.
Lula, em meio a uma cerradíssima campanha de desconstrução de imagem levada a cabo, em uníssono, pela grande mídia, ficou preso por 580 dias.
Uma vez solto, teve as sentenças condenatórias anuladas, disputou e ganhou as eleições presidenciais. Hoje Lula cumpre o seu terceiro mandato como presidente da República.
Caso venha a ser preso, Bolsonaro pode repetir Lula na “volta por cima”?
Tal como Lula, Bolsonaro tem a sua base social. Tal como na de Lula, no interior da base social bolsonarista há um “núcleo duro” resiliente e aguerrido, que certamente sobreviverá à prisão do líder.
Diferentemente do lulismo – uma força política meramente eleitoral –, há no bolsonarismo um projeto de poder, de tipo revolucionário.
Lula e os seus, bem acomodados no atual estado de coisas, têm projeto de governo; Bolsonaro e os seus, mal acomodados no atual estado de coisas, têm projeto de poder, de tipo revolucionário por almejar a refundação radical da República.
A república que a extrema-direita almeja colocar no lugar da atual é de tipo totalitária e conservadora.
O projeto de poder de Bolsonaro está em consonância com os projetos de poder da extrema-direita mundo afora, e, entre nós, me parece, veio pra ficar.
Por ser um projeto de poder de tipo revolucionário, esse, e a sobrevida de Bolsonaro, dependem de uma crise profunda e continuada no atual regime político.
Lula foi “anistiado” pelo “sistema” porque o “sistema” reconheceu, numa verdadeira “autocrítica na prática”, que só em torno de Lula o “sistema” poderia ser recomposto de modo a expulsar o intruso e sua horda de bárbaros do centro da cena política.
A recomposição do “sistema” é sustentável econômica e politicamente?
O projeto de poder da extrema-direita e a sobrevida de Bolsonaro, isto é, a sua existência política pós-cadeia, dependem da resposta à pergunta acima…
E a esquerda?
Por não ter programa faz tempo, essa está mais por fora que umbigo de vedete…